sexta-feira, 10 de julho de 2015

Miguel Nicolelis e a "internet cerebral"


Já pensou se fosse possível compartilhar dados e se comunicar com qualquer pessoa do mundo, em tempo real? Bom... hoje em dia os smartphones já nos possibilita essa proeza, mas a visão futurística que estou tentando passar aqui é outra, imagine fazer tudo isso através de uma interface cérebro-cérebro, ou seja, seriam dados, pensamentos e emoções vindas direto da cabeça de uma outra pessoa... parece algo extraordinário (mas é) e ao mesmo tempo pertencente a um futuro distante, porém, um pesquisador brasileiro, repito: BRASILEIRO! deu mais um passo para isso.


Nessa quinta, 9 de julho de 2015, o pesquisador Miguel Nicolelis anunciou o seu avanço em uma pesquisa na área da neurociência, trata-se de uma rede que interliga cérebros possibilitando a troca de informação entre eles.

O já conhecido neurocientista Miguel Nicolelis apresentou o seu conceito de rede cerebral chamando-a de Brainet. Foram publicados dois trabalhos do pesquisador na Universidade Duke descrevendo os primeiros exemplos de como redes de cérebros de animais podem interagir só pela transmissão de atividade elétrica cerebral. O primeiro artigo demonstra como grupos de até 3 macacos podem combinar a atividade dos seus cérebros para mover um braço virtual num espaço tridimensional. O segundo artigo demonstra como Brainets formadas pelos cérebros de até 4 ratos podem trabalhar para resolver problemas computacionais clássicos, como o reconhecimento de padrões, estocagem e recuperação de dados e até fazer um combinação de parâmetros para produzir uma previsão do tempo.

Em 2013 o pesquisador deu o primeiro passo para o desenvolvimento das Brainets quando interligou o cérebro de dois ratos que estavam a milhares de quilômetros um do outro. No experimento um rato localizado no Brasil (o codificador) deveria pressionar dentre duas alavancas a que estava sinalizada com uma luz, fazendo isso ele recebia uma recompensa. Os impulsos elétricos captados por microeletrodos no cérebro do codificador eram transmitidos ao decodificador, o cérebro do segundo rato recebia os impulsos elétricos e os interpretavam fazendo-o escolher a alavanca correta para receber a recompensa que em seu caso não estava sinalizada. Algo interessante foi observado, quando o segundo rato errava o primeiro mudava o seu comportamento para tentar ajudá-lo.

Imagem do experimento realizado em 2013


O vídeo a seguir mostra como funciona o experimento realizado com os três macacos para formar uma brainet. Cada esfera colorida (verde, vermelha e azul) representa o sinal de saída de um cérebro de macaco. Cada um desses sinais codifica diferentes coordenadas espaciais (X,Y, Z) do movimento de um braço virtual. A esfera preta representa a atividade combinada dos 3 cérebros dos macacos. O objetivo da tarefa designada aos macacos era colocar a esfera preta dentro do alvo circular que muda de posição constantemente no espaço virtual tridimensional. Para fazer com que a esfera preta chegue ao alvo, os 3 macacos tem que trabalhar em conjunto mentalmente. Repare na interação das 3 esferas ao longo do tempo: elas interagem de maneira que a esfera preta sempre cruze o alvo. Quando um macaco se "distai" os outros dois compensam a falta de empenho do colega, a sincronização dos três cérebros é feita a partir de tentativa e erro.




Agora exercitando um pouco a criatividade tente imaginar as maravilhas que essa nova tecnologia nos permitirá realizar quando estiver mais evoluída, imaginem só uma rede com milhares, talvez milhões de cérebros interligados para resolver um problema, cada um processando dados de forma individual, contribuindo com a memória e compartilhando os resultados de forma somada, séria como um super computador orgânico. Talvez, até o que hoje tomamos como ficção se torne realidade e no futuro conseguiremos saber o que as outras pessoas estão pensando e sentindo.

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